Carta A Um Cadáver

Você foi tão adorável, tão adorável a ponto de que foi difícil aceitar as coisas como ocorreram. Mas todas as coisas ficaram tão difíceis, você as tornou tão dúbias e angustiantes que realmente, não era de se esperar algo diferente. Realmente tentei algo grande maravilhoso, mas você não teve visão ou paciência pra perceber isso. Ou então não teve a hombridade de assumir teus próprios sentimentos perante a mim, perante o mundo, o que torna tudo isso ainda mais asqueroso. Lembra-te, nunca te cobrei flores, bombons, carinhos ou atenções, jamais te cobrei um gesto qualquer. A bem da verdade cobrei-te apenas sinceridade, ação natural das pessoas verdadeiras. E quando vi tudo estava tão bem armado que o choque foi a única reação. E após o choque a loucura. E após a loucura o pensamento veloz que juntou todos os pontos, todas as ações, toda mínima respiração e chegou a este veredicto. Não há mais espaço para diálogos tardios, desculpas, palavras bonitas, promessas vazias. Não há nada para ser resgatado ou devolvido. Então decretei tua pena de morte na minha vida e a pena capital foi um misto de todas as atrozes penas capitais. Um exercício de sadismo e loucura naturalmente. E na minha loucura falo a ti cadáver, que sejas feliz no além com quem quer que seja, mas não retorne mais a este plano da minha vida, não queira transpor a barreira dos vermes com quem convive, não venha mais para esta terra de luz, porque se tornou para mim o que certa vez fui para você.

(Bruna Brasil 06/01/2011)