quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Fale com o fígado po**a

Eu acho que poucas coisas me irritam tanto quanto extremos, ou seja, aquelas situações limite que deixam a coisa insustentável. Eu acho que isso se dá principalmente em comunicação; não suporto gente que quer falar como se fosse Phd em enrolation, com um vocabulário rebuscado e também não suporto gente que vive falando gírias; não suporto pessoas que demonstram uma arrogancia ridicula quando escrevem ou falam e nem vulgaridade se achando maneiro por ser extremamente simplório e igualmente caindo no ridículo. E outra coisa que não suporto nos tratos comunicativos é a questão voz. Realmente me irrita muito pessoas que só vivem na base do berro (como meus irmãos), ou na bravata, como muitos machões fazem a torto e a direita.
Mas ultimamente tenho me pegado contando até 10 pra não ter um surto com pessoas que falam com preguiça. Oh God, como assim?
Explico: já perceberam aquelas pessoas que parece que a voz tá engastaiada de tanta preguiça que a pessoa tem, como se fosse um efeito colateral da própria apatia. E se não bastasse isso, a vontade delas quererem emendar uma conversa que elas não entendem exatamente nada e querem ficar dando pitaco sem nem lhes dizer respeito, agravando a situação de neurose em mim por causa da voz engastaiada. É TÃO SOFRÍVEL ISSO!!!!
Lá no meu trabalho tem uma senhora na recepção que ela é exatamente do jeito que eu descrevi, ela fala como se não tivesse vontade de falar. O pior é quando ela vem pedir caneta e ela sempre fala "dá uma canetinha". Meeeeee, eu entro em desespero, porque a voz parece uma cruza do cara que faz a voz da Katylene no programa com voz de velho asmático. E se acha a tiazona, vive tentando dar os golpes no tiozão charmoso que é guarda. E eu fico imaginando ela com aquela voz super "cençual" no meio da noite "da um beijinho". Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhh.
E porque afinal das contas eu to falando tudo isso???
Oras, porque eu precisava desabafar e ilustrar essa cena belíssima que rolou na minha imaginação por conta da voz de taquara rachada e sem vontade de falar da tia da recepção.
Beijos kkkkk

sábado, 16 de outubro de 2010

...Estávamos entediados

Talvez acho que nunca explicitei o quanto sou uma pessoa nostálgica. Mas eu sou, basta saber quais são meus gostos musicais favoritos e la estará um turbilhão de músicas do dim dos anos 70, anos 80 e começo dos anos 90. Provavelmente gosto tanto dessas músicas por serem músicas que eu ouvia quando era criança, seja na minha casa, seja na casa dos meus parentes, brincando com meus primos, em almoços, jantares e festas de famílias. Apesar de todos os problemas que vivi e observei desde pequena, não posso me queixar da minha infancia. Ela foi extremamente rica de fatos e eventos que eu sei que outras crianças da minha geração não viveram, que minha irmã não viverá e que, infelizmente mas muito provável, meus filhos e netos não viverão. Minha memória é repleta de gargalhadas daqueles tempos, das conversas e brincadeira sob a noite, quando a noite ainda tinha um brilho, e não era tão friamente escura como hoje. O ar era leve. O pulmão se inflava pra receber toda aquela energia em forma de átomos de oxigênio que tomavam lugar dos átomos de carbono que estavam nas hemácias, refazendo a vida interna e propiciando a vida externa. Naquela época era possível sentir o cheiro da água correndo a sua maneira pelos leitos de rios, minas e não sei mais aonde. É um dos melhores cheiros do mundo juntamente com o cheiro de rosas brancas. Naquela época ainda era possível tomar banhos nos rios, pois eles não estavam contaminados com esterco das granjas suínas das redondezas. Ahhh, os porcos! Os porcos, criaturas tão presentes na minha infância, talvez foi a parte mais triste dela. Ou não. Acontece que toda vez que tinha uma reunião em família, lá se ia um porco pro sacrifício. E era aquele baile: o porco gritava um monte, meu avô era o carrasco oficial e eu não suportava ouvir o bicho gritar, e corria, corria tanto, até não poder mais. E eu não comia carne de porco naquela época. Nem hoje. Mas naquela época era por medo de contrair cisticercose, coisa que eu lia nos livros de biologia e ciências da minha mãe. Eu tinha 4 anos e pensava em vermes contraidos por alimentos e no mal que eles faziam!!! Não, eu não era uma criança normal, mas eu era uma criança poderosa como todas as outras crianças. E a maioria das crianças naquela época não tinha noção disso. Eram joguetes, mini-adultos. Era lindo uma criança comportada, disciplinada, obediente. Crianças como eu não eram bem vindas, seja por sua curiosidade, esperteza ou por ja desde pequena serem revolucionários. Nem por adultos. Nem por crianças disciplinadas, obedientes e retardadas. Não que eu fosse um demonio na escola, mas eu era bem falante e comunicativa, adorava expressar tudo o que pensava. A maioria dos professores a principio adorava. Ja os colegas não.
Quando digo que todas as crianças tem poder, isso é uma verdade única e incontestável. Até para as crianças que não tem noção disso é verdade, porque apesar delas não se darem conta do poder delas, elas podem usufruir desse poder em várias ocasiões na vida. Porém, uma criança que usa o seu poder pra algo negativo contra outra criança, tem o mesmo impacto que um político, um religioso, um empresário, um funcionário de uma empresa qualquer tem quando ele comete atos ilícitos. E isso é mal, muito mal.
Crianças podem ser cruéis, elas podem ser muito cruéis contra outras crianças. Tive o azar e conhecer uma das crianças mais cruéis com outras crianças. E essa crueldade não permaneceu só durante a infancia, quando essa menina adorava tirar sarro da minha cara, ser estúpida ou formular picuinhas. A coisa se agravava porque o piá (=garoto) mais bonito da sala era o primo dela e eu gostava dele. Ou seja, na minha primeira paixonite o meu carma amoroso pro resto da vida já estava traçado e era garantia de muitos problemas. Até hoje.
A coisa piorava ao cubo porque ela era mais metida a cdf do que eu, com o plus de que se achava bonita+popular+patricinha+simpática. Ela tentava ao menos. Mas eu não entendo como uma pessoa que vive de favor com os pais na casa dos avós pode se achar de se considerar patricinha, eu não entendo essas coisas.
Daí tá. Ela tinha o grupo de amigas dela e eu tinha as minhas. O grupo dela é daquele tipo de menina que atinge a puberdade um tanto quanto cedo e a natureza privilegia esse tipo de guria com uma simpatia unica para com meninos, como sorrisinhos largos acompanhados de melindres recheados de vozes agudas irritantes. O resultado são meninas com corpos com contornos femininos mais definidos, com direitos a vestimentas adequadas para esse tipo de corpo (ou seja, sensuais) e que tem noção que ja não são mais crianças, e sim mulheres (ou pelo menos projetos de mulheres).
E o meu grupo??? Ahhh, o meu grupo é aquele grupo de meninas conhecidas como "patinhos feios" ou chamadas aqui no sul até então como "maria chorona". Mas que tipo de guria é uma guria "maria chorona"? A "maria chorona" é aquele tipo que ainda usa roupas de crianças, como vestidos rodados, roupas com cara de crianças, sapatos de boneca, cabelos em chiquinhas ou qualquer outro penteado que revelasse a fofurice. Mas fofurice não é bem o que homens/garotos procuram nas meninas. Eles querem as sensuais, como as do grupo anterior e óbvio, éramos zero esquerda no quesito popularidade. Os meninos nem notavam a gente.
Óbvio que o primo da inha que eu falei ele era um garoto normal e ele era apaixonado pela garota que na época era a melhor amiga da encrenca. O pior não foi isso. O pior foi ele descobrir e na quarta série ele me escrever uma cartinha mais ou menos assim "Você é uma garota legal, podemos ser amigos, mas eu gosto de outra e não temos chance além da amizade. Caía uma chuva terrível. Enfim, o primeiro fora a gente nunca esquece...
Saímos do primário, fui para o ginásio. Lá as coisas não foram muito diferentes. Exceto pelo fato de que deixei de ser fofinha e virei reclamona revolucionária. E vocês sabem que o forte de garotas reclamonas e revolucionárias não é propriamente a sensualidade. Mas também tinha garotos reclamões e revolucionários e isso era o bom do ginásio porque sempre tinha alguém pra conversar sobre revoluções, história, política, futebol e culinária.
No ginásio a sala não se dividia mais em fofinhas e bonitinhas. A divisão era dos bonitos contra os revolucionários, ou seja, não era mais uma guerra de meninas, era uma guerra de ideologias. Teoricamente os bonitos tinham uma vida social mais movimentada, porque, oras, eram bonitos. O auge pra uma guria dos "bonitos" era menstruar, era como um passaporte pra idade adulta, sendo que muitas ja se autoproclavam mulheres, ou seja, era o passaporte pra elas darem #prontofaley
A impressão que eu tinha era de que os "bonitos" tinham uma vida tão interessante, regada a festinhas, bailinhos após a missa, encontros em casa nos finais de semana e passeio no lago (esse era o AUGE da vida em Cascavel... Acho que ainda é durante a puberdade). Era latente o desprezo que eles tinham por nós, que não andavamos na moda, com coturninhos e calças de skatistas (maldita moda do fim dos anos 90). Eles deixavam bem claro que eles eram a quintessência do que havia de melhor no colégio. E nós? Nós não pássavamos de um bando de reclamões bregas, entediantes e entediados.
Mas e nós, o que nós fazíamos???
Ahh, a gente se divertia como podia! Já que não éramos bonitos e logicamente a gente não teria atenção de ninguém em bailinho ou festinha alguma fazíamos nossas próprias farras, nas casas um dos outros. Não existe nada melhor do que uma tarde de domingo repleta de queimada, bets e volei, regada de guaraná e muita comilança. Que NÓS fazíamos. O melhor era quando tinha algum trabalho pra fazer e era necessário uma grande carga de inspiração pra fazer algo decente... Pra entregar no dia seguinte!!!
Mas foram nesses trabalhinhos que aprendi a fazer macarronada kkkkk. E tudo pra apresentar um teatrinho sobre a cultura do Sul do Brasil regada de muita imigração európéia. Além da macarronada tinha vinho, sagu e montamos uma casa. Acho que foi o melhor trabalho que apresentei!!! Se não foi o melhor, foi o mais divertido.
A disputa também passava para a educação física, onde um grupo sempre enfrentava o outro. E é óbvio que do lado das meninas "reclamonas" sempre se perdia. Ou você acha que dá tempo de treinar e alugar ginásio de esportes como elas faziam quando se está fazendo pizza, bolo ou não sei qual mais coisa engordativa???? A vida não pode ser só essa coisa de perseguir musculos, mas também é uma questão de aproveitar as coisas boas da vida né! Mas olha, elas nunca conseguiram fazer um gol após fazer uma cesta (porque era quadra poliesportiva que você pode jogar futsal, volei, basquete, etc.) como uma menina do meu time fez. Elas nunca faziam nada de espetacular. Era aquela coisa de "seja eficiente, mas não precisa ter brilho". Infelizmente eu tentava conter as bolas de eficiência delas, mas eu como goleira sou uma ótima torcedora.
E assim foi durante todo o ginásio, eles importantes e legais, e nós, entediantes e entediados com nossas vidinhas mais ou menos, recheada de conversas profundas, zero de coisas como moda e novelas, garotos e namoros. O importante para nós nunca foi a aparencia, era ser felizes com nosso grupinho da nossa maneira.
O tempo passou, as paixões mudaram. Mas as decepções não. Mas isso é o capitulo para outro dia.
Continuando o capítulo das picuinhas, cada grupo continuou a sua maneira no decorrer do tempo no mesmo colégio. E os bonitos incluindo a guria chata que me pentelhou na infancia ainda não tinha se tocado, que de bonito o que ela fazia não tinha nada. E eu acho que as máscaras de tudo isso, de quando eles deixaram de ser legais para serem ditadores foi quando foi sugerida por algumas pessoas do nosso grupo de abrir um gremio estudantil no colégio, pois ja estavamos no ensino médio e não tinha nenhum órgão que representasse aos discentes (sempre fomos sindicalistas natos). Acontece que a história do gremio caiu nos ouvidos da turma de lá, e um dia após a aula observamos uma movimentação estranha na frente da casa de uma das gurias que era da turma de lá. Ahhh, mas eles eram do mesmo grupo e o que seria demais né...
No outro dia vieram com a conversa de eleger um representante da sala. Tudo bem, elegemos o pessoal do lado deles. A outra proposta era da turma do meio que não era muito interessante. Esse foi o início do golpe.
Após a tal eleição veio o comunicado que algumas pessoas "pelo bem dos estudantes do Colégio Estadual Jardim Clarito, observando a necessidade de algo que os representasse, apresentava os participantes do recem instalado gremio estudantil do colégio" . O interessante que os participantes do gremio eram as mesmas pessoas que estavam reunidas em frente a casa da guria no dia anterior. Ou seja, pegaram nossa idéia, copiaram, colocaram gente deles, achando que a eleição pra representante da sala, fazia-os representantes do restante do colégio, sem eleições gerais. Obviamente não recebemos isso nada bem. Termos como "ditadores", "generais", "copiadores", "exclusivistas" e "oportunistas" foram os mais leves ditos, por nós e pela turma do meio. Eles também reclamaram, se sentiram ofendidos porque só queriam o bem de nós e dos demais estudantes. "Então porque não fizeram uma eleição, com outras chapas?" perguntaram do lado de cá. "É porque nós achamos que vocês aceitariam algo já pronto, sem trabalho" responderam de lá. "Vocês fizeram isso pra fazer imagem ao restante do colégio, como se vocês fossem os bonzões", "Vocês copiaram uma idéia que vocês nunca nem pensariam, moldaram para o próprio umbigo, pra se mostrarem ainda mais, mais do que ja fazem", "Vocês só fizeram isso pra nunca deixar gente como a gente ter a palavra com a direção do colégio" foram algumas das coisas respondias. E do lado de lá? Só a indignação por não ter sido aceito a proposta do gremio DELES. Daí queiseram fazer um drama, dizendo que estavam abandonado tudo e que a outra chapa que pegasse até a liderança da sala. "É bom mesmo, ja que tudo que vocês falaram foi mentira".
O clima da sala dali por diante foi um campo minado. Ninguém se olhava. Nem se cumprimentava. Foi alta traição kkkkkk. No fundo ninguém esperava isso deles, que eles chegariam tão longe, se achando intelectuais a ponto de nos fazer engolir uma farsa como o gremio que eles pretendiam fazer para o "bem do colégio". Eu acredito que eles também não esperavam que o grupo dos reclamões fosse mais reacionário do que eles imaginaram, que apontaríamos o dedo na cara deles e falassemos "nessa porra quem manda não são vocês". Eles não imaginavam que fossemos ousados como eles achavam que fossem. Oportunistas...
Isso gerou uma debandada geral do colégio, cada um solicitando transferência para um colégio diferente, incluindo a fulaninha metida a patricinha. A minha transferência eu solicitei ao fim do ano letivo, e fui para o outro colégio que não teria que me deparar novamente com esse tipo de picuinha, só queria ser da turma do meio, dos que não fedem nem cheiram, afinal, eu nem era conhecida.
Ledo engano. Quem nasceu pra onça nunca vira gatinho dorminhoco...
Acontece que no tal colégio a tal fulaninha também estava (eu devia ter pesquisado...). Mas existia possibilidade de ficarmos em salas distintas. Beleza!!! Nada mais de problemas!!! Que nada, felicidade de pobre dura pouco e como eu era inimiga número 1 dela e ela já tinha seis meses a mais de convivência com aquele povo do que eu, ela tinha a faca e o queijo na mão pra me detonar. E você acha que aquele demoninho que conheci quando criança ia perder essa oportunidade???? NUNCA!!!!!!
Ela se juntava com as outras gurias do grupinho de então dela e ficava lá falando das minhas roupas, da forma como eu falava e tudo mais. Coisas de guria fútil... Eu ia tentando me manter na turma do meio, sem grandes emoções. Até que eu descobri que a turma do meio não existia e que ela ja tinha aprontado as dela com eles e a adesão que tinham dela não eram tão grande, como eu acreditava. Como sempre, o mesmo script. Nesse colégio então as pessoas tinham um posicionamento favorável ou não uns aos outros, muito mais direto que no grupo anterior e isso para ela era devastador, porque ela não tinha o hábito de ver pessoas que ela desprezava confrontando ela de forma muito mais aberta do que no outro colégio. Isso sem dúvida foi devastador pra ela, tanto é que se aproximando do fim do ano letivo, ela buscou desesperadamente ter o poder de comoção que tinha nos tempos de outrora passando a ter conversinhas com pessoas do grupo contrário ao dela. Foi um tiro no pé, porque ela se aproximou das pessoas que menos falavam e que mais desconfiança tinham sobre suas cabeças e isso não era nada bom, porque nada do que ele dissesse seria ouvido.
A faculdade chegou e graças Deus, dessa vez sim, cada uma foi para um lado distinto e não tinha mais que ver a cara encardida dela. Mas eu tinha outros problemas na facul, mas isso é outra história.
Agora estamos formadas. Ela em Letras e eu em Farmácia. Eu hoje trabalho no serviço público no setor farmacêutico, não como farmacêutica ainda, mas não tenho muito o que reclamar do meu serviço e teoricamente é uma excelente forma de ver como é a área. A ultima notícia que tive dela é que era uma espécie de seretária, recepcionista, sei lá o que da agência de empregos pra estudantes, ou coisa assim. Diz que mantem a mesma arrogancia dos tempos áureos.
Anteontem passando no centro após a aula de inglês, estava eu bem bela e formosa desfilando com a cabeça fresca, olhando vitrines e toda arrumadinha. A imagem da reclamona brega e descuidada era do passado, mas ainda existe algo dessa época BEM vivo aqui dentro. Afinal alguém tem que reclamar, como diria Tim Maia, um outro libriano. Daí avisto um fantasma, uma silhueta sem brilho, misturada junto a outras silhuetas sem brilho e outras incandescentes. ERA ELA! Mas ela não portava aquele nariz arrebitado e arrogante dos tempos de colégio. Estava cabisbaixa. A vestimenta era a típica de secretárias, recepcionistas ou sei lá o que, um uniforme social que masculiniza as formas belas do corpo feminino. Não havia beleza naquilo. O sorriso confiante e de desprezo fugiu-lhe da boca. A tez estava mais encardida do que de costume e cansada. Não havia cor nem brilho para disfarçar-lhe isto.  Estava apenas exausta pela manhã de trabalho, e percebia-se que naõ tinha felicidade naquilo, como várias outras pessoas que estão nesse mundo.
Eu vi ela e sei que ela me viu, pois a hora que ela ergueu o rosto numa tentativa de captar a luz do mundo vi que o movimento era para o meu lado. Virei o rosto, não gostaria de ver olho no olho aquele espírito que me fez mal, que me fez sofrer tantas vezes. Ao mesmo tempo senti dó, porque nenhum espírito por mais terrível que seja não merece ficar naquele estado físico.
Daí me lembrei de toda a história anterior a anteontem e decidi escrever aqui pra vocês, porque analisando tudo isso vejo que a tristeza que vi nesse dia só estava camuflada nos anos anteriores em que ela tinha essa necessidade imensa de chamar a atenção, passando por tudo e todos, sem prestar atenção de verdade a nada que não seja a si, onde teoricamente seu estilo de vida é melhor do que os outros.
Anteontem vi que ela nunca foi legal nem importante. Para mim nem para ninguém. Sempre foi entediante. Uma pessoa que fala de garotos, batons cor de cobre, calça de skatista e coturnos (kkkkk) como se fossem as ultimas palavras no quesito modernidade é extremamente entediante e old season. E brega.
Acho que todo mundo que viu filmes adolescentes dos anos 80 sempre imaginou que sua própria adolescência fosse tão fascinante como nos filmes e acabasse no bailinho luxo no colégio, resolvendo suas rixas (seja em porrada, seja em esnobada), seus casos amorosos (com um beijo bem lindo ou encontro promissor) e uma banda tocando uma música tudo. Eu também queria que fosse assim o fim da minha adolescência. Mas não foi.
Mas posso garantir que foi fascinante sim e anteontem acho que foi o fim de verdade da minha adolescência. Anteontem sim percebi que coisas antigas ainda faziam parte de mim. Anteontem senti que ajustei minha rixa com ela e sinto que saí vitoriosa. Se anteontem fosse num baile de colégio estaria tocando "Being Boring" do Pet Shop Boys e eu estaria junto aos meus amigos cantando e vendo a cara dela e do grupelho dela:

'Cause we were never being boring

We had too much time to find for ourselves
And we were never being boring
We dressed up and fought, then thought make amends
And we were never holding back or worried that
Time would come to an end
We were always hoping that, looking back
You could always rely on a friend
And we were never being boring
We were never being bored
'Cause we were never being boring
We were never being bored

E a tradução pra ficar mais legal (e deixar o post ainda mais grande do que já está)
Pois nunca estávamos sendo chatos

Tínhamos tempo demais para decidirmos a nosso favor
E nunca estávamos sendo chatos
Vestíamos nosso melhor e brigávamos, e pensamentos consertam situações
E nunca nos refreávamos ou nos preocupávamos que
O tempo chegaria ao fim
Ficávamos sempre esperando que, ao olhar para trás
Pudéssemos sempre contar com um amigo
E nunca estávamos sendo chatos
Nunca estávamos entediados
Pois nunca estávamos sendo chatos
Nunca ...
ESTÁVAMOS ENTEDIADOS

Nada mais 80's!!!!!
Beijos e desculpem pelo post longo, mas me deu uma vontade louca de escrever e compartilhar tudo isso. Deve ser a idade (faço 23 anos nessa semana).

PS: Para ver o vídeo dessa música linda do Pet Shop Boys clica aqui, porque todos os que eu tentei incorporar não podia. Blééhhh

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

PIG e a sua liberdade de informação

Reproduzo aqui excelente texto de Maria Rita Khel, jornalista que até a pouco trabalhava na redãçãodo jornal "O Estado de São Paulo". Até a pouco porque ela foi demitida porque ela resolveu ir conta os ditames de sau então empresa escrevendo o seguinte texto que reproduzo pra vocês que copiei da Carta Capital.

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Dois Pesos

Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.
Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.
Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.
Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da “esmolinha” é político e revela consciência de classe recém-adquirida.
O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de “acumulação primitiva de democracia”.
Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.
Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos

*PIG é Partido da Imprensa Golpista

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Pedro Bial


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O Hino Nacional diz em alto e bom tom (ou som, como preferir) que um filho seu não foge à luta. Tanto Serra como Dilma eram militantes estudantis, em 1964 , quando os militares , teimosos e arrogantes, resolveram dar o mais besta dos Golpes militares da desgraçada história brasileira. Com alguns tanques nas ruas, muitas lideranças, covardes, medrosas e incapazes de compreender o momento histórico brasileiro, colocaram o rabinho entre as pernas e foram para o Chile, França, Canadá, Holanda.
Viveram o status de exilado político durante longos 16 anos , em plena mordomia, inclusive com polpudos salários. Foi nas belas praias do Chile, que José Serra conheceu a sua esposa, Mônica Allende Serra, chilena.
Outras lideranças não fugiram da luta e obedeceram ao que está escrito em nosso Hino Nacional. Verdadeiros heróis , que pagaram com suas próprias vidas , sofreram prisões e torturas infindáveis, realizaram lutas corajosas para que , hoje , possamos viver em democracia plena , votar livremente , ter liberdade deImprensa. Nesse grupo está Dilma Rousseff. Uma lutadora , fiel guerreira da solidariedade e da democracia.
Foi presa e torturada. Não matou ninguém, ao contrário do que informa vários e-mails clandestinos que circulam Brasil afora. Não sou partidário nem filiado a partido político. Mas sou eleitor. Somente por estes fatos, José Serra fujão, e Dilma Rousseff guerreira , já me bastam para definir o voto na eleição presidencial de 2010.
Detesto fujões, detesto covardes!
Pedro Bial, jornalista

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O Beijo

Seu Beijo
Macio
Suave
Caloroso
Por horas
Nervoso
E arrebatador
Seu beijo
Que tem o gosto
da bala de cereja
misturado
com o gosto do desejo
e o cheiro cítrico que me fascina
Que me arrepia
Que me faz boiar em nuvens, estrelas, cometas galáxias
Sinto falta do seu beijo
Apaixonante
Delicioso
Que me vicia
Selinho
Beijinho
Salva vidas
Gosto de qualquer tipo de beijo seu
Gosto de você.