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sexta-feira, 28 de outubro de 2011
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
De quando me tornei gente - Parte II
Continuação...
Mas meu tio não morreu depois disso. Antes de morrer ele garantiu um
terreno e a construção de uma casa na cidade para o meu avô que, até
então, sempre havia morado no campo. Como não tinha filhos, a pensão da
Aeronáutica ficou com meu avô. Com isso, meu avô possuiu uma velhice
tranquila e segura, não precisando enfrentar as filas enormes que a
maioria dos idosos como ele enfrenta. Mesmo porquê meu avô sempre
possuiu uma saúde de aço, quase incorruptível pelo tempo. A pensão mais
que ajudar meu avô, ajudou toda a família, minha mãe, mus tios e por consequência, a mim e a meus primos.
Para algumas pessoas que tem tudo na vida, que nunca tiveram perdas de verdade, tudo isso é tão sem sentido e de pouco valor. Mas pra quando você vê de todo o tipo de horror no mundo, onde a família perdeu seu lugar sagrado faz tempo, onde todo tipo de abuso é cometido no lar que deveria ser seguro, onde as crianças xingam os adultos e lambem o chão, é bom saber que se tem uma família de verdade. Uma família daquelas que planeja junto o que fazer de almoço no feriado. Uma família que reúne as outras contrapartes e faz tudo uma grande festa de verdade. Onde pedir benção não é caretice e rir efusivamente é uma marca registrada. Uma família que dá orgulho ao pronunciar o nome que a faz família e todo mundo saber que essa é uma família de pessoas batalhadoras, humildes e ativas na sociedade.
No dia de hoje eu só posso agradecer a essa família que me fez o que sou hoje, o meu verdadeiro casamento, aqueles que realmente estão comigo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na vida e na morte.
E quando digo família, gostaria de dizer aos meus amigos, que também os incluo nessa.
Obrigada a todos.
Beijos!!!
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
De quando me tornei gente - Parte I
13 de Outubro de 1991.
Essa é a data do dia que iniciou o processo de aquilo que as pessoas chamam de "desde que me conheço como gente". É a primeira data significativa de verdade na minha vida, que lembro com clareza do que aconteceu desde então. Não que não me lembre de outras coisas anteriores, como da gata brava que se derretia comigo ou da vez que destrui com gosto uma carteira de cigarros do meu pai. Claro que me lembro, mas não me lembro de data. Na escola aprendemos que devemos memorizar datas importantes e 13 de outubro de 1991 é uma data marcante na minha vida. Uma data em que tomei consciência sobre a vida e a morte, amor e solidão, onde aprendi a observar e chorar pelo ser humano.
Era um dia bonito. Ensolarado. Brincava com as crianças da vizinhança e daí meus tios chegaram. Era recesso do feriado e achei que vieram nos visitar. Até que ouvi minha mãe gritando. Com minhas pernas pequenas cheguei ao quarto onde ela chorava desesperadamente e minha tia a consolava. Não entendi o porque daquilo. Falaram algo, mas disso realmente não me recordo. Apenas estava preocupada de porquê ela estava chorando. Minha tia me puxou pela mão e me deu um banho, seguidamente, arrumou umas mudas de roupa. Apenas participava daquilo sem entender nada. Minha mãe fazia o mesmo, mas chorando efusivamente.
Chegamos ao hospital. Minha mãe falando que queria ver meu tio.
Meu tio tinha 23 anos, um ano mais novo que a minha mãe. Cabo da Aeronáutica por um golpe do destino. Uma namorada que nunca conheci, mas também tem uma história igualmente trágica. Sempre ia visitar a gente e passeava de moto comigo no campo que havia em frente casa. Fazia isso com todos os sobrinhos. Sem dúvida a lembrança mais marcante que guardamos dele. Aquilo era uma aventura para a criança de três anos que eu era e com certeza para todos os meus primos. Foi nesses passeios que aprendi a amar velocidade. E ele sempre fazia leite com chocolate pra mim. Com bastante chocolate. Do jeito que aprendi a gostar.
Mas voltando ao hospital meu tio estava no hospital por velocidade, depois de sair da casa da minha tia em Nova Aurora, após ter recusado passear com meu primo de dois anos e ter enfrentado um violente acidente que causou um traumatismo craniano.
Chegamos no local onde ele estava. Não era ele. A cabeça toda enfaixada, o rosto inchado. Não reconhecia naquela pessoa fraturada o meu tio brincalhão, que tinha o sorriso grudado no rosto. Minha mãe continuava a chorar e não sei como, depois disso eu já estava em Nova Aurora com outra roupa, com toda a minha familia chorando. E eu novamente não entendi porque toda minha família estando junto podia estar chorando.
O cortejo chegou e meu tio estava lá, deitado naquele pedaço de madeira, rodeado de flores tristes. Minha mãe me pegou no colo e continuava chorando e disse "Dá adeus para o tio Bruna" e eu disse "Mas porquê dizer adeus, se ele apenas dorme". E daí minha mãe me disse que meu tio foi se juntar aos anjos e a Jesus e ele não ia mais acordar e naquele momento entendi realmente o que aquilo significava.
Não haveria mais ninguém pra me emprestar o quepe. Nem brincar comigo e as minhas bonecas. Nem nunca mais voltaria a andar de moto com ele. Não haveria mais copos gigantes de chocolate e ele nunca mais faria piadas.
Meu pai enquanto tudo isso só fazia a única coisa que sabe fazer: beber.
Não lembro de meu avô chorando. Lembro de seu olhar incorfomado do pai que perdeu o filho caçula. Do pai que cuidou dos nove filhos, dois pequenos de 3 e 2 anos (minha mãe e meu tio respectivamente) após a morte da esposa de 38 anos. Lembro do seu olhar que tentava acalmar a todos. E com uma força enorme sustentava todos os que pranteavam o filho. Lembro dele recebendo a bandeira nacional das mãos do capitão da Aeronáutica após os tiros da morte e o sepultamento. Meu avô sim era um pai. E uma fortaleza até o ultimo minuto.
Nesse dia tomei consciência de que nada é para sempre. Que as coisas e pessoas boas são breves, mas suas lembranças são eternas. Comecei aprender que pau que nasce torto nunca se endireita, seja no pior momento possível. Aprendi que com minha família a dor existe, mas na presença deles sou mais forte.
O resto dessa história eu publico no dia 20.
Beijos!
Asas
O que aconteceu
Com as asas que Deus me deu?
Aquelas asas
Fortes como a dos anjos
Que feriam minha alma
E até geravam pranto?
Onde está aquela dor
Penetrante em minhas escápulas?
A dor da liberdade
Que é tão almejada
E tão renegada?
O que houve com as minhas asas
Que não são de Ícaro
Mas não tem me salvado do perigo?
O que eu fiz com as minhas asas
Para que elas se atrofiassem
E de apenas dor
Gritassem
Já que com elas pouco voô?
Eu quero minhas asas
E voltar a planar com elas
Sobre montanhas nevadas
Sobre vales fertéis...
Com minhas asas
Libertarei o escravo
De grilhão enferrujado
E até dos desejos ingratos.
Quero inflar meu pulmões de ar
E com os pássaros a cantar
Com minhas asas
O infinito, novamente
Irei tocar.
Com as asas que Deus me deu?
Aquelas asas
Fortes como a dos anjos
Que feriam minha alma
E até geravam pranto?
Onde está aquela dor
Penetrante em minhas escápulas?
A dor da liberdade
Que é tão almejada
E tão renegada?
O que houve com as minhas asas
Que não são de Ícaro
Mas não tem me salvado do perigo?
O que eu fiz com as minhas asas
Para que elas se atrofiassem
E de apenas dor
Gritassem
Já que com elas pouco voô?
Eu quero minhas asas
E voltar a planar com elas
Sobre montanhas nevadas
Sobre vales fertéis...
Com minhas asas
Libertarei o escravo
De grilhão enferrujado
E até dos desejos ingratos.
Quero inflar meu pulmões de ar
E com os pássaros a cantar
Com minhas asas
O infinito, novamente
Irei tocar.
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Temporário
Comentário em resposta ao texto "Abaixo ao feminismo"
Bruna Brasil disse:
Bruna Brasil disse:
21 de fevereiro de 2011 às 23:57
Texto
muito interessante. De fato, existe uma discriminação do homem sim. Uma
diminuição da sua importância na sociedade, na família. Contudo, apesar
de não ser feminista e adorar ter um homem que me mime, que seja
cavalheiro (abra a porta, pague a conta, me proteja, me console),
infelizmente essa realidade está distante da maioria das mulheres.
Nesse texto fala que a Lei Maria da Penha só defende a mulher… Será?
Fala que existe uma Delegacia da Mulher que protege as mulheres? A
autora já teve que passar pela humilhante situação de ir a uma
Delegacia da Mulher e ver o tratamento dado a uma mulher, ora, pelas
próprias mulheres? Fala que o homem é “escorraçado de casa como um
animal”, mas a autora já viveu o inferno de viver em um lar com marido
ou pai violento que ameace a vida dela, de seus filhos, ou de sua mãe?
Eu fico muito feliz de saber que existem pessoas que tiveram e tem uma
realidade bem diferente da minha e de várias outras pessoas. Isso que
só fui ameaçada, briguei muito com meu pai, fui humilhada por homens. E
as mulheres que são estupradas, as vezes desde a mais tenra idade? São
mulheres e crianças, não são? Fora outras humilhações. O feminismo com
certeza não é a melhor saída pra mulher. Não acho louvável mulheres
saindo por aí tendo um comportamento vulgar, a disposição de “mulher
inteligente e independente”. Não acho louvável homens cachorros. O
feminismo retirou muito daquele bilho e mistério que as mulheres
possuíam. Reduziu a fortaleza e destreza das amazonas a simples
competição com os machos. Gerou um quadro de competição ridícula e sem
fundamento entre as próprias mulheres. Observando desse ponto, pode até
parecer que hoje as mulheres são piores que os homens, mais
insensíveis. Contudo, é preciso lembrar que só chegou a essa situação
por causa da situação insustentável que muitos homens impuseram a
maioria das mulheres por uma grande parte da história, aquela que é
louvada. Pouco se fala do papel da mulher no Egito Antigo, em Creta e
em Esparta, onde as mulheres eram respeitadas e ouvidas. Contudo,
deturparam a história desses próprios lugares. O ideal da sociedade é a
democracia ateniense. Mas o que foi Atenas, além de uma cidade-estado
na qual a pederastia era amplamente difundida e estimulada e as
mulheres, estavam aonde? Nos gineceus escuros, sem brilho, sem qualquer
reconhecimento. A degradação da família não é resultado apenas do
feminismo. Seria tolice afirmar isso, após analisar diversos casos de
abusos, cometidos por pais, mães, filhos, avós, netos, tios, etc.,
falta de diálogo, falta de carinho e amor. A família deixou de ser
sagrada no momento do primeiro abuso cometido dentro dela. No silêncio
que acoberta o criminoso dentro de casa. A família degradou-se
simplesmente porque o ser humano degradou-se.
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