sábado, 20 de fevereiro de 2010

Discurso do Professor Paulo Roberto Merisio

Reproduzo aqui na íntegra o discurso proferido no dia 11 de fevereiro de 2010, pelo grande amigo, mestre e paraninfo da 3a turma de Farmácia da Faculdade Assis Gurgacz, Paulo Roberto Merisio. As palavras aqui reproduzidas foram transcritas do próprio documento, repassado a mim pelo próprio professor:

Eu e o professor Merisio

"Boa noite
É uma grande honra estar ocupando este posto de paraninfo nesta noite, pela segunda vez no curso de farmácia da FAG. Confesso que não contive a emoção quando fui notificado e convidado pelos meus alunos. Este fato me fez lembrar uma pessoa extraordinária, responsável por tudo isso, que acreditou e confiou no meu trabalho, e mais tarde estaríamos nos despedindo: Sônia Wagner, obrigado à tudo. Tenho saudades do nosso tempo !!!!! É um orgulho dizer que trabalhei contigo.

Queridos alunos, esta noite é vossa. Parabéns a FAG, prof. Sergio, pela maviosa estrutura fornecida. Tenho maravilhosas e saudosas recordações do tempo que aqui trabalhei. Uma instituição que deveria servir de exemplo para muitas outras que se dizem faculdades e universidades. Parabéns ao corpo docente de farmácia atual e aos que já não se encontram aqui, por direcionar o estudo de vossos discípulos, que se forjaram exemplo de conduta universitária, e finalmente, parabéns aos pais, pois nunca tive uma turma com tantas pessoas educadas e ao mesmo tempo decididas. Vocês merecem com certeza os filhos que tem, e eu, por conhecê-los, conheci a cada um de vocês.

Meus afilhados, vossa sabedoria deve ser aproveitada e ouvida pela sociedade, entretanto, é preciso credibilidade, para isso, conhecimento. Lutem pelo país, que anda a mercê de exploradores covardes e porque não dizer, oportunistas e mercenários.

Muitas vezes o sistema capitalista é cruel. Não se é avaliado a competências, aptidões e capacidades, mas sim quais são as amizades, indicações e afinidades pessoais.
Mas só se permanece em um posto tendo competência.

Homens bons não têm voz nem vez, e quem não presta tem vez, tem voz e tem bis, aonde leis são descartáveis, um país que perdeu a identidade, sepultou seu idioma português, dando ouvidos a global vulgaridades.

Líderes se defendem como pode, uns defendendo outros, numa nuance estúpida de quem nunca sabe nada, e aqueles que pretendem revolucionar o país através da educação nem chegam perto.

Temos exemplos dignos e decentes, como Guevara, Bolívar, Prestes, Barão do Cerro Azul e tantos outros que pensaram em um bem comum e lutaram por isso, mas hoje o comodismo faz com que as caras já não sejam mais pintadas, os ideais sejam mais particulares, e parece que nada pode ser feito.

Neste contexto, é notória a ausência de líderes corretos e mulheres de princípios, mas os bancos universitários somados às boas condutas familiares ainda são fontes de tais pessoas.

Pelo olhar se conhece quem fala a verdade, e também o graude falsidade ou hombridade de uma pessoa. O envolvimento com coisas comuns à todos se faz necessário para que tenhamos uma sociedade mais justa e melhor.

Não façam de seus amigos pessoas descartáveis e, principalmente, sejam sinceros em seus sorrisos.

Lembro-me da 1a Semana Farroupilha da FAG, aonde tive uma turma inteira de alunos, defendendo junto comigo a causa que esta semana representa. Saibam que me propiciaram dois dos melhores momentos da minha vida. O primeiro lá, na apresentação dos vossos projetos na semana farroupilha sobre medicina campeira, o outro, nesta terna noite em que apadrinho os senhores.

Senhores farmacêuticos, hoje, meus colegas, vão, e tenham a certeza que o mundo imporá barreiras para vossa aspersão, mas lembrem do pouco que conversamos. Lembrem dos conselhos e ensinamentos, lembre-se de vossa capacidade.

Fica para trás todas as aulas, noites de estudo, conversa pelos corredores, festas, jantas, defesas de relatórios, trabalhos em equipe, e fica, para a frente, um destino individual, com várias incertezas e obstáculos, mas sei que trilharão carreiras brilhantes, e me orgulharei muito mais com o passar do tempo.

A sociedade abre as portas para os senhores, e eu, mais uma vez me despeço. Agora sim, uma despedida que ficará em minha memória, pois agora quando nos encontrarmos seremos colegas de profissão.

Senhoras e senhoreseu os convido a saudar, em pé, os novos farmacêuticos da terceira turma da Faculdade Assis Gurgacz."

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Sobre suicídio


Oi Gente
To sumida né. Mas enfim. Essa semana aconteceu algo trágico. O Alexander McQueen se suicidou porque não estava enfrentando muito bem a morte da mãe dele. Algo triste, muito triste. Mas essa foi a escolha dele. Depressão é algo muito complicado, você só quer ficar sozinho, não quer fazer nada. Você pode se tocar e ir atrás de um tratamento. Você apenas pode querer sumir e o fazer como fez Alexander. O foco aqui não é propriamente o Mcqueen e sim o suicídio. Aqui na cultura ocidental não existe religião ou doutrina que aprove o suicídio. Diz que é arbitrário a vontade divina, que é algo contra a natureza, "pois a morte é um direito de Deus". Já no Oriente, matar-se é visto em algumas culturas como ato heróico ou sinônimo de nobreza, vide homens-bombas, harakiris e os kamikazes. Sei que muita gente vai falar, que a cultura ocidental é a mais correta, que é isso que é aquilo. Que depressão é coisa de gente fresca. Que devemos aproveitar a vida no ultimo instante e evitar ao máximo a morte. Que suicidar-se é coisa de gente possuída. E que quem se suicida passa o resto dos tempos no lodo do arrependimento eterno. Blá blá blá blá.
Sinceramente??? Sou muito mais de um pensamento oriental, que preza o outro mundo em favor desse. Não que eu queira me matar (agora). Mas sabe, se suicidar algo que ao contrário do que dizem, não é covardia, tem que ter uma baita CORAGEM. Porque poxa vida, viver num mundo em que o conceito de que a vida é bela, apesar das desgraças que assolam o mundo, e enfrentar no outro plano as críticas, os repúdios, as ofensas (porque quem está lá sabe do que fazemos aqui) tem que ser muito corajoso. Suicidar-se muitas vezes é o recurso que muitas pessoas encontram para uma vida vazia, sem sentido. E eu não acredito que seja arbitrário a Deus, afinal, Ele deu o livre arbítrio. As pessoas "amam" a Deus muito mais pelo medo do "Deus irascível, ciumento e não sei mais o quê" que a Bíblia escrita por homens nos dita, do que o Deus de amor incondicional, o Deus pai que Jesus nos ensinou. Pessoas, vocês acham que realmente Deus condenaria um de seus filhos ao fogo eterno (adoro essa expressão) porque ele tirou um suposto direito de morte. Poxa, se liguem. Vamos repensar sobre essas coisas. Não estou incitando ninguém a sair por aí matando, ou suicídio coletivo. Mas gostaria de pedir vocês que se atentem a não julgarem o McQueen ou qualquer pessoa que dê cabo de sua própria vida. São almas sofredoras, que sofreram muito nesta vida, sofreram na partida e ainda sofrem no outro plano. Pensemos nele e em todos os suicidas como IRMÃOS. Não pecadores.
Beijos