Creio que exista um momento na vida de cada pessoa em que ela precisa tomar uma postura e decidir se deseja continuar com sua vida meio que sem lógica ou se vai dar uma reviravolta em tudo. Bem, sabia que um dia esse momento chegaria pra mim, mas jamais imaginei que tais mudanças implicassem em modificar diretamente idéias e pessoas que cuja presença julgava ponto pacífico sem titubear. Ok, talvez idéias sejam mais fáceis de pensar em modificar, pois creio que não existe certeza absoluta. Mas pessoas, ainda mais aquelas que estão por tão longo tempo na sua vida, que até ontem ocupavam um espaço único na sua vida, de repente (e digo de repente mesmo) você percebe que não há mais aquela identidade, aquela sintonia. Mas você pensa “isso é só um momento, inferno astral talvez, logo vai passar”. Mas não passa. Os dias sim, esses passam, e conforme passam à falta de afinidade aumenta. O que mês passado era motivo das mais altas gargalhadas não faz mais sentido hoje, as conversas tornam-se entediantes e sem sentido, os hábitos começam a enojar. Você começa a perceber que não é só uma crise, que nem é o signo do seu inferno astral, há algo de errado mesmo. Mas o que se continua exatamente como era antes? Bom, se a pessoa não mudou, os endereços são iguais e os papos iguais, então o que mudou fui eu, foi a minha postura de vida. E em qual exato momento essa postura mudou é que é difícil de precisar, porque esse tipo de sentimento vem como a fera que prepara o ataque fatal: em passos lentos, suaves, camuflada na paisagem, veloz na perseguição, sem compaixão na hora de matar a presa. Pois bem, essa fera instalou-se na minha vida perante múltiplas pessoas.
Essa fera me mostrou que no momento atual da minha vida algumas presenças são mais negativas do que positivas. No seu ataque, mostrou-me muitos lobos, cobras e urubus disfarçados de mansidão e cooperação. Mostrou-me que o excesso de informação e etiqueta não é recíproco no tocante a sabedoria e gentileza. A fera arrancou várias mascaras de felicidade, lealdade e amizade e o que eu vi foi apenas a tragédia humana, maquiada porcamente, mas que ainda engana os incautos. Olho todo esse cenário e vejo toda a superficialidade, falsidade e egoísmo de algumas pessoas e finalmente compreendo diversas coisas passadas que ocorreram.
É tão triste quando você percebe o quanto se iludiu com alguns “amigos” e percebe o quão mal te querem, como são facilmente corrompíveis, valores deturpados. Perante tudo isso não há outra coisa a fazer ao invés de me afastar de vez dessas pessoas.
Hoje já não há mais espaço para pessoas que acumulam uma enorme quantidade de conhecimento e não sabem aplicar no seu cotidiano, não sabem pensar por sua própria capacidade. Não tenho mais paciência para quem acumula pilhas de fantasia e não sabe raciocinar sobre o cotidiano, a realidade e tornar a própria vida melhor e fica se lamentando.
Não há mais espaço para quem quer viver de grife, comer bem, vestir se na moda, andar na alta sociedade e não tem noção de altruísmo, de senso estético, de higiene e não sabe ser gentil nas palavras e ações.
Não tenho mais paciência para quem quer mostrar que sua vida é uma maravilha e pelas costas transforma a vida daqueles que o cerca num inferno. Não tenho mais paciência para covardes, que com uma mão pedem favores e com a outra afiam a faca com que vão me apunhalar.
Não há mais espaço na minha vida pra gente vazia, que há muito deixou de ser gente e virou máquina. Aliás, pior que máquina, pois as máquinas são projetadas para serem eficientes e o modelo de viver dessas pessoas não é nada eficiente.
A fera que me consumiu continua a devorar as bestas que a pouco ainda acreditava que eram minhas amigas. Acho que o natural seria olhar tudo isso, ficar triste pela perda e lembrar por longo tempo. Mas não é isso que sinto e tenho certeza que logo sumirão da minha lembrança. Não há qualquer tipo de saudade ou remorso. Fica o aprendizado.
Antes de ir, a fera me aponta um novo caminho. Não consigo visualizá-lo muito bem, mas me parece ser mais bonito que o anterior. Chegou à hora de arrumar minhas coisas e partir. E jamais olhar para trás.
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