sexta-feira, 4 de junho de 2010

Utopia

Eu hoje tenho 22 anos, mas me sinto com mais do que isso, bem mais. Me sinto uma velha amarga, daquelas histórias em que há uma bruxa má, amarga, feia, corcunda e horrenda. Eu me vejo assim, eu me sinto assim. Mas porque fiquei assim? Porque permiti-me obviamente. Porque permiti-me ser ferida, porque permiti-me ser magoada, porque dei permissão a pessoas que nunca iriam querer meu bem se aproximarem de mim. Permiti-me virar tão perfeccionista que não consigo me perdoar pelo próprio erro da minha existência. Permiti-me vir ao mundo que não tem nada a ver comigo, com pessoas vazias, cruéis, insanas, malditas. Permiti ingenuamente minarem com minha inocência aos poucos, que quando vi esses "poucos" se aglutinaram em algo tão grande que virei essa coisa horrível ainda na puberdade. Ainda continuo permitindo isso confiando no gênero humano. Ainda continuo caindo nessa burrice. Mas, porque se todo mundo cai e é feliz, porque não posso sê-lo de forma igual. Porque não posso ser igual a todo mundo reduzindo os problemas da vida e do mundo a algo tão insignificante perante o que eles chamam de "milagre da vida"? O que eu vim fazer nessa droga de mundo afinal das contas? O que tenho a pagar aqui? Juro que se pudesse doava minha vida pra qualquer pessoa que deseje e ame ardentemente viver. Pra mim não tem serventia alguma. Eu só me torno uma pessoa mais sofrida, seguidamente mais amarga e consequentemente mais insuportável. Eu adoraria ser aquela mesma menininha que usava sapatos-boneca, vestidos rodados e brincava num maravilhoso balanço com suas bonecas. Eu amava aquilo. Infelizmente o tempo não volta.